
Sem palcos, sem “altares”, sem eventos presenciais e a maioria de nós, sem muito público nas redes sociais… que grande oportunidade temos! A pandemia e tudo que traz consigo de terrível, traz em contrapartida uma excelente chance, talvez pela primeira vez, de nós, músicos cristãos, sermos quem precisamos ser: VERDADEIROS ADORADORES!
Tenho acompanhado e vivenciado o desespero de muitas classes trabalhadoras nesses tempos difíceis. A classe artística está na lista dos que foram violentamente afetados pela crise decorrente dos decretos de isolamento. Há poucos dias, o cantor PG fez um desabafo, desolado e revoltado com a situação de quem depende dos ambientes litúrgicos, dos eventos, para sobreviver. Ele me representou e representa a dor e a preocupação de muitos de nós.
Vivenciamos o momento de nos reencontrarmos com o nosso criador! De clamar por socorro. De nos prostrar no secreto e sermos moldados por Ele para o propósito dEle.
O mundo pós pandemia vai chegar e precisamos estar preparados para atuar como bons servos de Deus, pregando Seu Evangelho com nossa música!
Há muito tempo venho refletindo sobre o momento da adoração cantada e tocada na igreja. Não sei se você, querido leitor, vai concordar comigo, mas conseguir conduzir o coração, mente e corpo à Adoração consciente a Deus é um enorme desafio. Isso acontece porque precisamos estar atentos a uma infinidade de informações no “momento de louvor”.
Ao chegarmos para o ensaio é quase sempre uma correria: ligar equipamentos, aquecimentos, afinação dos instrumentos etc. Até mesmo a oração, por vezes, passa despercebida. Depois, na hora do culto, focamos nossa atenção na lista de música, nas tonalidades, notas, acordes, arranjos e ainda na comunicação das introduções, entradas dos vocais, solos e toda performance necessária diante da igreja. Não adianta bancar o “santo”. É muito difícil lembrar que estamos ali para RESPONDER com GRATIDÃO a Deus pelo que Ele é e faz! Nossa performance pode até ser boa, levantando as mãos, fechando os olhos, mas, sem querer generalizar, o coração está tomado de outras preocupações.
No ano de 2016, eu e minha família vivemos um tempo muito especial com Deus. Estávamos sem possibilidades de trabalho, e Ele nos sustentou movendo o coração de parentes, amigos e irmãos na fé para nos ajudar. Você pode imaginar a angústia do nosso coração orgulhoso, que não queria depender de ninguém e saber que, ao mesmo tempo, precisava reconhecer a dependência. Foi nesse tempo, tão escasso financeiramente e lastimável profissionalmente, que Deus me deu uma aula do que Ele espera de mim como adorador.
Sentei-me ao piano digital, emprestado por um amigo que estava em minha casa, e comecei a tocar. Em oração pela amargura que estávamos vivendo, queria, de certa forma, chamar a atenção de Deus para ouvir nossas súplicas. Eu já entendia que precisava reconhecer que Deus estava cuidando, em todos os detalhes, de nós. Por isso também queria agradecê-Lo com minhas habilidades.
“Foi nesse tempo, tão escasso financeiramente e lastimável profissionalmente, que Deus me deu uma aula do que Ele espera de mim como adorador.”
Toquei várias músicas com toda técnica que podia. Cantei, impostando a voz com uma “boa performance”. Por um momento, parei de tocar e um sentimento de incapacidade e frustração tomou conta do meu coração. Pensava comigo: estou querendo impressionar a quem? A Deus? A mim? Não havia ninguém comigo em casa. Nenhum público, somente os vários pernilongos que “gentilmente” nos acompanhavam.
Nesse momento Deus veio ao meu encontro. Senti de tocar uma nota apenas. UMA NOTA APENAS! Sem pensar em técnica, habilidade, conceitos musicais, sem pensar em performance. As lágrimas desceram! Não tinha a ver primariamente com o que consigo fazer. TINHA A VER COM MEU CORAÇÃO que PRECISAVA ESTAR ENTREGUE A DEUS. Minhas habilidades são infinitamente inferiores e incomparáveis a quem Deus é e é capaz de ter para si com as melodias e harmonias celestiais e terrenas.

Willian Marra
Olá! Sou Willian de Sousa Marra, Licenciando em música pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pianista, arranjador, professor e regente, participei da composição e gravação do CD autoral intitulado "Aprenda música brincando" pelo grupo Nuances Musicais. Fui o mentor, professor e Regente do Projeto Coral Vozes (2016). Jurado pelo segundo ano do Concurso de Voz Nuances Musicais Online, que tem alcance nacional e tem descoberto talentos mirins. Estudei Teologia no Seminário Teológico Carisma e ministro aulas de Teologia para crianças e adolescentes pelo Seminário Carisma da Lagoinha Betim. Dou aulas em duas escolas de música: Canto Livre (Shopping Monte Carmo) e Escola de Música da Igreja Batista do Barro Preto (piano e teclado) e aulas particulares. Integro a equipe de Capelania do Colégio Batista Mineiro unidade Betim, onde promovo e atuo em eventos musicais, vídeos institucionais dentre outros.