
Recentemente, a minha empresa foi umas das três selecionadas para receber investimento do fundo Semente Preta, um fundo com foco em startups fundadas ou lideradas por pessoas negras. Recebi a notícia com muita alegria e entusiasmo. É um selo importante, pois testemunha que estamos no caminho certo como empresa.
Com a notícia, veio o famoso “frio na barriga”. Devido a esse movimento do fundo, passamos a ocupar um lugar de evidência, os olhares estão direcionados a nós enquanto empresa e a mim enquanto CEO. Para uma mulher, ocupar o espaço de destaque em uma empresa não é nada fácil. Existem vários desafios que precisam ser vencidos diariamente.
Penso que um deles vem da condição que fomos expostas na própria educação que recebemos, a de que nossa contribuição para o mundo era a de procriarmos e cuidarmos dos filhos e da casa. Com isso, todas as vezes que rompemos com essa estrutura de pensamento vem a tão falada autossabotagem. Dessa forma, por termos pouca representação de mulheres à frente de grandes negócios, fica sempre aquela dúvida: será mesmo que sou capaz de estar nessa posição? Isso realmente é para mim? Se fosse outra pessoa, obteria resultados diferentes dos meus?
A pesquisa “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências para Mulheres 2018”, conduzida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), aponta que a quantidade de mulheres é quatro vezes menor que a de homens, quando o tema é a administração de empresas. Por conta dessa realidade, muitas vezes nos ancoramos no estereótipo do que seria um “homem de sucesso” ou “uma mulher de sucesso”. Uma coisa que tenho aprendido é que nesse quesito, vale a pena liderarmos como somos e acreditamos e que não há distinção do que é “um homem ou uma mulher de sucesso”.
Mesmo sabendo que o caminho é longo para a equiparação de gênero nos cargos de liderança, existe um forte movimento em prol do reforço da necessidade de termos empresas mais diversas e inclusivas.
O estudo da “Diversity Matters” de 2020, da consultoria McKinsey, comprovou que organizações que possuem equipes executivas com equidade de gênero têm 14% mais chances de superar a performance dos concorrentes. Isso porque a diversidade cria um ambiente de maior criatividade e ajuda a encontrar soluções para situações mais complexas por conta das múltiplas perspectivas.
Para você leitora, deixo aqui um convite. Seja o que você quiser, “se pode imaginar, você pode realizar”.
Se existe o desejo de ocupar um lugar de liderança dentro de uma empresa, ou abrir o seu próprio negócio, acredite e vá. Percorra o caminho necessário para alcançar seus objetivos. Lute todos os dias com a certeza de que sim, esse é o lugar que você pode ocupar.
Um movimento que fiz diante do desafio de estar à frente de uma empresa, é o de criar uma rede de conexão e apoio com pessoas de confiança e de múltiplas competências. Assim, sempre que preciso, seja no âmbito profissional ou pessoal, recorro a essa rede. O resultado disso tem sido incrível. A força e a conexão com aquilo que Deus nos deu vai se transformando numa potência criadora e transformadora incríveis. Se conectar com essa realidade nos ajuda a seguir com coragem e convicção de que esse é o melhor caminho.

Tatiana Santarelli
Olá! Sou Tatiana Santarelli, Cofundadora e CEO da TeamHub. Inquieta desde sempre, apaixonada por pessoas e por boas confusões na vida. Amo semear mudanças que promovem a nossa humanidade, expansão da consciência e ampliação dos olhares. Curto o caminho e o caminhar. Acredito no poder das conexões e que coisas incríveis acontecem quando de fato nos importamos com o outro. Mais de 18 anos de experiência em Gestão de Pessoas com foco em jornadas de aprendizagem e cultura. Especialista em Gestão pela Fundação Dom Cabral, Master Trainer em mapeamento de perfil comportamental, Consultora DISC, Coach, Change Management, Facilitadora de processos colaborativos pela Art of Hosting. Fundadora da Agente Inovação Colaborativa e Professora universitária.